21 agosto 2017

para ler

Para estes poucos dias em que vou estar como que retirado, ou seja, sem ocupação, compromissos ou afazeres, trouxe alguns livros para me entreter e passar o tempo...

o grilo difícil de encontrar

Soube da sua existência numa recensão no jornal Le Monde Diplomatique deste mês e logo tratei de o procurar nas livrarias para o adquirir. Tarefa difícil. Fui a todas as grandes livrarias e durante vários dias - Fnac, Bertrand, Book House, Almedina, Books & Living (antiga Leitura), Latina - e nada. Aliás, as indicações que me davam eram tão díspares que o resultado foi ter ficado ainda mais curioso e com vontade de o encontrar. Disseram-me, entre outros dislates, que estaria esgotado, que não existiria, ou que ainda nenhuma das suas lojas o recebera. Estranho facto: um livro da Tinta da China não chegar aos donos do monopólio das vendas de livros em Portugal...
Entretanto, lembrei-me de ligar para a UNICEPE - cooperativa livreira de estudantes do Porto, na Praça Carlos Alberto, para saber se tinham este livro e, surpresa ou nem por isso, tinham. Pedi para me reservarem um e lá fui eu, sem demora, buscá-lo. Curiosidade, não tinham um nem dois exemplares, tinham empilhados e em exposição doze destes livros. Mesmo em véspera de partir par férias consegui-o para o juntar aos demais que tenciono ler nestes dias de retiro em terras de Trás-os-Montes.

18 agosto 2017

esterco

porque só agora me apercebi disto...

O que é que vai acontecer ao país seguro que temos sido se esta nova forma de ver a possibilidade de qualquer um residir em Portugal se mantiver?
Pedro Passos Coelho, há uns dias, algures no Algarve.

grande

encontrei!

Porra! 
Não foi fácil, mas já encontrei a música que tanto procurei sem sucesso. Esqueçam o youtube, o Shazam. Não lá está. Apenas a encontrei no sítio da editora Cafetra Records. A banda ou cantor chama-se Éme e o álbum chama-se Domingo à Tarde. Fica a letra da música Roma - Sé (sétima no disco) para acompanhar o som da mesma.

Amigo, se estás triste
e o que queres não existe
traz um copo, bota em riste
e 'bora lá brindar:
Um brinde à manada
com bica na esplana,
Tuga não tem nada
mas há tanto mar.

Remar o dia inteiro,
ir dar ao Barreiro,
frota sem dinheiro
ali no Tejo a anhar,
alberga a neurinha,
traz a tua eu trago a minha,
neura assim sozinha
tem que ter um par
vem cá ter meu par
que é para seres meu par...


Lembras-te de ir de Roma à Sé?
O caminho a conversar a vida como é que é.
Pois, fui parar ao Cais Sodré
a vida num vacilo e nem te pões de pé.


E queres amor antigo
para cantares à nova
trago o meu comigo
e vai daqui à cova
puto eu tou contigo
se a vida dá-te sova.
tens amor de amigo e podes pôr à prova...


Lembras-te de ir de Roma à Sé?
O caminho a conversar a vida como é que é.
Pois, fui parar ao Cais Sodré
a vida num vacilo e nem te pões de pé.


17 agosto 2017

participar na res publica

Num tempo em que nos aproximamos das eleições autárquicas, Nelson Dias (sociólogo) escreve, no jornal Le Monde Diplomatique deste mês, um interessante artigo sobre os orçamentos participativos em Portugal. Nesta sua reflexão procura saber onde estão concentrados, qual a sua relação com a participação democrática (relação com os crescentes níveis de abstenção) e que capacidade têm os portugueses de se mobilizarem e associarem em torno de projectos concretos, assim como a sua capacidade de influenciarem o poder instituído, ou seja, o poder autárquico.
Diz-nos que foi num contexto de desaceleração do entusiasmo democrático, com uma confirmada tendência de descida dos índices de participação eleitoral, que surgiu, em Palmela, a primeira iniciativa de Orçamento Participativo(OP) em Portugal. Estávamos em 2002. A emergência e o desenvolvimento dos OP está intimamente relacionada com a quebra de confiança no regime e nos seus principais agentes políticos, assumindo-se como uma tentativa de resposta do Estado local, ainda que parcial, à necessidade de reconstruir pontes de diálogo e reaproximação com a população (...) o que, curiosamente, implicou uma actividade cívica e política mais intensa, pelo carácter anual destas práticas, e mais extensa, pelo cada vez maior número de pessoas envolvidas.
Numa análise mais profunda aos OP em Portugal, o sociólogo percebe que estes se transformaram , nalguns concelhos, nos principais barómetros para as autarquias, leia-se, presidentes e vereações, para a auscultação das sensibilidades e percepções dos seus munícipes e, assim, para o desenho das políticas públicas. Apresentando vários exemplos de OP em diferentes municípios, Nelson Dias afirma que estes instrumentos deixaram de ser mera curiosidade ou moda política. Entraram timidamente no nosso país e gradualmente instituíram-se como catalisadores de processos de mudança.
Nelson Dias termina o seu artigo num tom optimista ao afirmar que este modelo foi de tal forma apropriado pelas populações que hoje se converte num canal de interlocução directa para a discussão e definição de políticas públicas, cujos impactos sobre o território são muito superiores aos dos projectos dos próprios OP. Ao olharmos para estes nesta nova perspectiva entendemos que o seu potencial suplanta as expectativas iniciais, reforçando o seu potencial de credibilidade e, com isto, a sua sustentabilidade.
Sem querer discordar muito desta sua perspectiva optimista, eu seria um pouco mais cauteloso em relação às verdadeiras motivações e objectivos de muitos autarcas e executivos autárquicos em relação a este instrumento de participação cidadã. Digo isto, tendo em conta aquilo que é a minha experiência enquanto autarca. Se é verdade que inicialmente as autarquias desconfiavam dessas propostas, maioritariamente, apresentadas em sede de Assembleias Municipais e, nalguns (poucos) casos, de Freguesia, pelas oposições, rejeitando liminar e até jocosamente essas propostas, com o tempo e com algum esforço de conhecimento técnico, apropriaram-se desses instrumentos, passando-os a apresentar como propostas nos seus próprios manifestos programáticos e eleitorais, assim como nos seus orçamentos pluri-anuais. 
Recordo-me que em Bragança, enquanto membro da Assembleia Municipal (2005-2013) apresentei essa proposta  - a de criação de uma rubrica de Orçamento Participativo - durante vários anos e nunca foi aprovado pela maioria que governava o município que, primeiro, por ignorância, depois por receio e, por último, por despeito, ridicularizava essa ideia "comunal" e "cooperativa". Na verdade, mesmo em Bragança passou a existir um Orçamento Participativo no qual a população pode "participar" votando, no portal da autarquia, de entre um conjunto de projectos propostos pelos próprio executivo, aquele ou aqueles que gostariam que fossem concretizados. 
Concluindo, considero os OP uma excelente ferramenta naquilo que poderá ser um incremento da implicação dos munícipes no planeamento, reflexão e execução de projectos colectivos e de utilidade pública, mas também desconfio dos reais e verdadeiros propósitos dos autarcas que, por hábito e defeito da prática autárquica no nosso país, não quererão nunca abdicar do seu predicado poder de decisão e execução. Aquilo que assistimos na grande maioria dos OP existentes, salvo raras excepções, são adaptações e pequenas iniciativas que sob essa designação pomposa e pertencente às narrativas daquilo que é actualmente considerado correcto, não são mais do que instrumentos ao serviço do interesse e vontade dos executivos autárquicos e das suas clientelas, ou pura e simplesmente são verbo de encher em momentos como este, os de vésperas de eleições autárquicas.

irritante

Se há algo que me irrita seriamente são estas novas ferramentas dos aparelhos que todos nós, ou quase todos, utilizamos, que à medida que estamos a escrever o que queremos, nos vão corrigindo o texto, adulterando por completo o sentido e propósito daquilo que temos em mente. Nas mensagens de telemóvel isso é constante e eu não sei como alterar isso. Por exemplo, no Word eu tenho essa opção desactivada, mas no telefone não sei como o fazer e irrita-me a amígdala enviar mensagens sem sentido algum. Pronto, apenas isto.

11 agosto 2017

inveja

Este ano, as minhas férias foram entre casa e a esplanada do café do bairro. A ler e a dormir, feliz como um selvagem. (Francisco José Viegas, aqui)

10 agosto 2017

o som que não consigo encontrar

Ando obcecado atrás de uma música portuguesa que tenho ouvido na Antena 3, mas não a tenho conseguido identificar. Como desconheço quem a canta e como se chama, tenho andado pelo youtube desesperado, mas sem qualquer sucesso, por hora (hei-de conseguir!). No entretanto, aqui ficam alguns sons em que tenho tropeçado e que, por tonalidades de ouvido diferenciadas, me agradam.





08 agosto 2017

mediascape:reutilizar, reutilizar e reutilizar os manuais escolares

A entrevista já foi publicada no dia 20 de Julho na Revista Visão, mas só hoje dei com ela, na sua versão online (ler aqui na íntegra). Falo de uma entrevista à Secretária de Estado Adjunta e da Educação, Alexandra Leitão, a propósito do programa de gratuitidade e reutilização dos manuais escolares que agora se põe na prática apenas para o primeiro ano do primeiro ciclo. Eu já simpatizava com esta senhora e com a sua atitude e discurso em relação às coisas da escola pública. Aqui, neste novo programa, está mais uma razão para admirar a sua posição política e cidadã.
Transcrevo partes do seu discurso:

A despesa dos manuais, assumida pelo Estado, é uma forma de a escola pública ser aquilo que a Constituição determina que é: gratuita.
(...)
Para mim, esta é a diferença entre Estado social e assistencialista. O Estado social garante para todos, não é para os ricos ou para os pobres. O Estado assistencialista é o que providencia àqueles que precisam.
(...)
De acordo com a lei, todos os manuais, sem exceção, devem ser concebidos para poderem ser reutilizados. Por exemplo, a prazo, temos de acabar com recortes, autocolantes. Sempre que for preciso escrever no manual, deve ser a lápis.
(...)
E não há qualquer relação direta entre o reaproveitamento e o aproveitamento. Pelo contrário, se ensinarmos às crianças o respeito pelo manual, a partilha, o respeito pelo outro que a seguir vai receber aquele livro, estamos a educar para a cidadania. É um avanço civilizacional e pode ser um elemento muito importante.
(...)
Portanto, o procedimento de aquisição está nas escolas desde julho do ano passado, o de reutilização desde maio. Mas admito que tudo isto seja muito novo e é preciso um período de adaptação. O sistema educativo é muito grande. Temos 811 agrupamentos, mais de três mil escolas, um milhão e trezentos mil alunos, 120 mil professores. Nós podemos informar, enviar as circulares, mas demora até se tornar rotina.
(...)
...tudo isto comporta já alguma incerteza do mercado. Incerteza com a qual os agentes económicos têm de viver. Num restaurante ninguém garante quantos almoços serão servidos por mês. O Estado não tem obrigação de assegurar um determinado nível de vendas a um agente económico. Há um grau de incerteza, próprio do mercado livre.
(...)
Relativamente ao peso das mochilas, há duas soluções possíveis: deixar na sala de aula, até ao quarto ano, ou utilizar os cacifos, a partir do quinto. É uma questão de os alunos se habituarem a fazer a gestão dos livros que têm de ir para casa e os que podem ficar na escola. Outra solução será a desmaterialização dos manuais, garantindo que não vai cavar as assimetrias sociais.

Neste próximo ano lectivo, o meu filho mais novo irá frequentar o primeiro ano do ensino básico e eu, enquanto seu encarregado de educação, no momento de levantar o voucher para a aquisição gratuita dos seus livros, tive que assinar uma declaração em que me comprometia e responsabilizava pela manutenção dos manuais e pela sua devolução no final do ano lectivo. Muito bem, finalmente os livros passarão a ser propriedade das escolas e não dos alunos. Há medidas governamentais e políticas passíveis de discussão e debate, mas neste caso, se exceptuarmos o lobby da indústria dos manuais escolares, ninguém que use de senso se oporá à medida. Quanto a mim não só concordo, como a defendo. Digo mais, pecou por tardia.