31 dezembro 2016

à la palice

Acabo de receber um email com a seguinte pergunta: comeu demasiado no Natal?(apresentam depois umas dicas para se emagrecer ou recuperar desse excesso...)
Eles não querem que eu responda, mas eu respondo, aqui:
Não! Não comi. No Natal eu como sempre é pouco, muito pouco. Natal é dia de fome para mim e a única dica que eu daria, para evitar excessos, seria: não comam.
Simples e barato.

30 dezembro 2016

ad eternum, ou melhor, ad nauseam

Não sou comprador, nem sequer leitor, desta publicação. Muito de vez em quando, lá me vem parar às mãos e, então aí, folheio-a e leio com atenção e interesse um ou outro cronista. A edição cuja capa aqui reproduzo é bem paradigmática das razões pelas quais eu não a leio... Até quando vão repetir a receita? E os ingredientes? É que todos os anos são sempre os mesmos! Para além de estarmos fartos de saber as suas opiniões sobre tudo e mais alguma coisa, fica a sensação de que estas personagens nos acompanham desde sempre e até sempre e, na verdade, já estamos nauseados.

28 dezembro 2016

o regresso aos cromos

A minha criança, há cerca de dois meses, trouxe do jardim infantil uma caderneta de cromos do campeonato nacional deste ano 2016/17. Achou piada e quis fazer a colecção. Eu, confesso, também lhe achei piada e, nostálgico da idade em que fiz inúmeras colecções, passei a comprar-lhe quase diariamente algumas saquetas de cromos. Estão caros! Todos os dias, ou quase, o ritual de abrir essas saquetas de 6 cromos e ver se faltam ou são repetidos, tornou-se hábito cá em casa. Agora, com a caderneta quase completa, tornou-se mais difícil conseguir cromos novos e, ao contrário do que aconteceu na minha meninice, não há por perto com quem trocá-los. A maravilha da internet permitiu-me descobrir vários fóruns e sítios onde se podem trocar cromos de toda a espécie e qualidade - novos, velhos, nacionais, internacionais, entre outros - e cá ando eu todo satisfeito a traficar cromos, em encontros previamente combinados, ou através dos CTT. A verdade é que só já faltam vinte ou trinta cromos para completar a caderneta e não vamos parar até o conseguir.
A minha criança completará assim a sua primeira caderneta, que eu com cuidado guardarei para um dia lha entregar. Eu, tal como noutras situações esperadas na vida dos miúdos, cá ando entretido e divertido com os cromos e a reviver tempos idos.

26 dezembro 2016

panóptica do eu

(primeiras linhas do que está já em produção)
Dez anos, aqui e agora, vertidos em textos. Sinto este volume como uma transparência que permite tudo ver e perceber. O panóptico está aqui, através dele, quem quiser, poderá ver-me a mim, translúcido e desmascarado, às vezes eufórico, outras vezes cáustico, nem sempre optimista, mas sempre crítico. Será, em todo o caso, um bom retrato meu.

22 dezembro 2016

alheado e obcecado

Decisão com algum tempo de vida, esta de me manter, confortável e sossegadamente, afastado da torrente informativa e noticiosa que nos empurra numa vertigem cronológica. Alheado então desse abismo contemporâneo, tenho vivido as minhas horas e dias a fazer o que mais gosto, tranquilo e apenas obcecado pelo cumprimento dos prazos estabelecidos e combinados. Assim, não só os dias crescem, como a produção é mais rentável, possibilitando ainda outros prazeres que, por pudor relativo a todos os meus amigos e amigas que labutam das "9 às 6", me abstenho pronunciar. Por outro sim, importa salientar que neste findar de mais um ano civil, as perspectivas para o novo e próximo ano são muito interessantes e, para ser verdadeiro, nada me é mais catalisador do que perceber que não tenho, ou terei, tempo útil para o tudo que tenho em mãos. Por outro não, talvez seja melhor não estar para aqui com esta atitude de cigarra e regressar ao modus faciendi da pequenina formiga.
Não sei, talvez, há quem diga que sim. Fui.

12 dezembro 2016

regresso da luta, agora com força...

"No dia em que aceitarmos de olhos fechados situações que ferem a nossa inteligência, o senso comum e a tradição científica, não estamos a cumprir as nossas obrigações." (Artur Anselmo in Jornal Público)

Hoje ainda regressarei a este assunto. Vou comprar o jornal Público, pois a entrevista dada pelo Presidente da Academia de Ciências de Lisboa é muito importante para o futuro da língua portuguesa.

(em actualização)

10 dezembro 2016

palestra de Manuel Castells

Esta tarde foi dedicada à conferência que Manuel Castells veio proferir, por convite da Câmara Municipal de Gaia, às Conferências de Gaia, realizada nas Caves Ferreira. Não tendo grande expectativa, nem sendo um seu leitor atento, na medida em que os assuntos sobre os quais versa não me excitam a amígdala, havendo esta oportunidade para o ouvir ao vivo, aproveitei.
A conferência versava sobre "uma cidade inteligente num mundo global e em rede" e, de facto, Manuel Castells é um entendido globalizado dessa conexão em rede que é a sociedade actual. Num tom agradável e, a espaço, com sentido de humor, apresentou a sua perspectiva sobre as sociedades actuais e de futuro, relevando a importância da conexão dos territórios, das instituições e dos indivíduos, alertando para o facto de o futuro estar já captado ou colonizado por aqueles que conseguirem manter-se em rede. Sua visão é, aqui, radical, afirmando que só existem duas possibilidades: ou estamos conectados e sobreviveremos, ou estamos desconectados e seremos dispensados pelos processos globalizantes.
O que percebi, estando perante um "guru" à escala mundial destas matérias, é que a sua perspectiva, a sua opinião, o seu pensamento, estão perfeita e completamente dominados e ajustados pelos paradigmas vigentes e, foi curioso, no período final de perguntas, terem sido várias as questões colocadas sobre a dimensão humana relacionalmente: as implicações deste novo habitat no ser humano; onde fica o Ser ontológico, etc. e ele, habilmente, não deu resposta directa a nenhuma dessas questões, afastando-se de qualquer perspectiva humanista da sociedade.
Relembrando aquilo que foi o seu percurso, o seu brilhante percurso académico até ao estrelato, hoje pude confirmar como evoluiu o seu pensamento, desde os primeiros tempos em que questionava o sistema, os paradigmas e os dogmas, numa atitude que poderíamos considerar anti-sistema, até à actualidade em que se percebe nitidamente o seu à-vontade nos meandros dos poderes, sistemas e instituições do mainstream liberais e capitalistas, naquilo que é a sua apologia da tecnologia, dos sistemas de informação e das redes comunicacionais.
Hoje fiquei a saber que para este ilustre pensador não há possibilidade de existência, não haverá possíveis futuros sem ser em rede, sem ser em permanente e eterna comunicação. Para além de não aceitar este determinismo, acredito que poderemos sempre estar e viver desconexados, desligados da rede. É ainda uma questão de opção.

08 dezembro 2016

desaparecimento


Este era e é, mas vai deixar de ser, o meu whisky predilecto. Um dos manos andava à sua procura e em nenhum lugar o encontrou, nem qualquer explicação para o seu desaparecimento. Apenas em garrafeiras gourmet e em leilões na net se encontram garrafas destas. Ao comentar comigo eu não reconheci essa dificuldade, nem aceitei os preços que ele me apresentou por garrafa (cento e muitos a duzentos e tal euros). Nem pensar, disse eu, pois recordo-me ter comprado deste whisky abaixo dos cem euros. A explicação surgiu hoje. Esta marca acabou, ou faliu, ou foi vendida, e, por isso mesmo, só se encontra o que estava em stock nos pontos de venda e, agora, com preços altamente inflaccionados. Lamento profundamente.

06 dezembro 2016

a quem interessar...


Eu vou lá estar. Quem estiver interessado poderá inscrever-se gratuitamente até amanhã, 4ª feira, através do seguinte email: conferenciasdegaia@cm-gaia.pt

05 dezembro 2016

01 dezembro 2016

constatação

Alguém que ocupa um lugar público por nomeação e não apresenta declaração de rendimentos, nem quer apresentar, manifesta uma profunda desconsideração pelo Estado. A atitude do presidente demissionário da Caixa Geral de Depósitos é ofensiva para todos nós. Um indivíduo destes jamais deveria ter ocupado um cargo público, pois não quer saber, nem acredita no Estado. Boa viagem.

ecos de uma entrevista

A propósito do colóquio sobre Monsenhor José de Castro que já aqui publicitei, enviei para publicação no jornal Mensageiro de Bragança e para a Voz Portucalense este pequeno contributo sobre a oportunidade e o valor deste iniciativa (fica aqui em primeira mão):

"
No próximo dia 9 de Dezembro a diocese de Bragança-Miranda e a Câmara Municipal de Bragança vão homenagear Monsenhor José de Castro, figura maior do clero e da cultura nacional. Nesse dia, e no âmbito dos 50 anos do seu falecimento, vai ter lugar um colóquio subordinado ao estudo da sua vida, obra e pensamento. Tendo tido conhecimento desse evento através deste jornal (edição de 24 de Novembro), não posso deixar de me associar à iniciativa, pois considero que este ilustre bragançano nunca mereceu por parte das autoridades locais e regionais as devidas honras e considerações, se não vejamos a diferença entre o reconhecimento póstumo à figura e à obra do Abade Francisco Manuel Alves, vulgo, Abade de Baçal e a perfeita amnésia colectiva em relação a Monsenhor José de Castro. Nessa edição de 24 de Novembro do “Mensageiro de Bragança” é publicada uma pequena entrevista ao presidente da Comissão Organizadora deste evento, o Professor Doutor Henrique Manuel Pereira que, de forma simples e bem explicita, se refere à ambição de recuperar para o presente o nome, a vida e, principalmente a vasta obra de Monsenhor José de Castro, possibilitando assim às actuais e às futuras gerações conhecerem o seu extraordinário legado. No fim dessa entrevista Henrique Manuel Pereira perspectiva aquilo que poderá ser o caminho certo para a recolocação de Monsenhor no lugar devido, nomeadamente através de um centro de estudos e um serviço educativo centrado na sua personalidade, ou através do estudo e reedição da sua obra, ou através da edição de textos inéditos e da realização de documentários e afins.
Na referida entrevista, historia-se o que entre nós tem merecido a memória de Mons. José de Castro, sem esquecer de louvar o esforço para a reabilitar por parte de personalidades como Belarmino Afonso e D. António José Rafael. De resto, este não é o primeiro serviço que Henrique Manuel Pereira presta à figura de Mons. José de Castro. Bastará lembrar a competente e rigorosa organização dos livros “D. Frei Bartolomeu dos Mártires e outros textos sobre o venerável” (2014) e mais recentemente “In Memoriam: Pe. Francisco Manuel Alves, Abade de Baçal” (2016), ambos editados pela diocese de Bragança-Miranda.
Das iniciativas para o futuro, avançadas na entrevista a que nos vimos referindo, sem desmerecer qualquer uma delas, merece-me destaque a vertente pedagógica, naquilo que poderá e deverá ser um serviço educativo ao dispor das comunidades escolares e, em particular, dos estudantes da região e para além dela. Será relevante, do ponto de vista educacional, cultural e até social, levar Monsenhor José de Castro até às escolas básicas e secundarias de Bragança e não só, proporcionando assim um efectivo conhecimento do cidadão bragançano, do laborioso estudioso e, não menos importante, do produtor cultural que Monsenhor foi. Importa que essas novas gerações percebam e entendam o seu contributo para aquilo que Bragança hoje é, enquanto diocese e mesmo enquanto cidade e região.
Apesar de já conhecer a figura de Monsenhor e de já conhecer parte da sua obra, o primeiro contacto sério e aprofundado com a sua obra foi no âmbito da minha investigação sobre a vida de D. Manuel António Pires, publicada em 2015. Ao analisar a sua correspondência logo percebi uma proximidade e entre ambos e, se assim poderei dizer, uma relação onde Monsenhor desempenharia um papel tutelar e até paternalista, no melhor sentido do termo, em relação ao então jovem seminarista e estudante em Bragança e Roma e, também, depois sacerdote na diocese de Bragança e bispo em Silva Porto, Angola.
Do que já conheço da pessoa e obra de Monsenhor José de Castro aquilo que mais admiro e mais me impressiona é a sua elevadíssima capacidade de trabalho, seja na investigação, seja na produção escrita e cultural. Tendo sido quem foi e tendo ocupado os lugares que ocupou, como conseguiu ele espaço e tempo para tamanha obra? Teria ele tido consciência da dimensão hercúlea do seu esforço? Teria ele tido consciência que estaria a trabalhar, não para si e para os seus contemporâneos, mas para aqueles que um dia viriam, ou seja, nós?
Estamos perante uma obra singular e que, sem dúvida, urge conhecer e dar a conhecer. Será essa a melhor forma de dignificar a sua vida e a sua memória.

Luís Vale

Vila Boa, 30 de Novembro de 2016 "