29 novembro 2010

verbo, despir

"A redução do homem à vida nua é hoje a tal ponto um facto consumado, que é essa doravante a base da identidade que o Estado reconhece aos seus cidadãos. Como o deportado de Auschwitz já não tinha nome nem nacionalidade e doravante era somente o número que lhe fora tatuado no braço, assim também o cidadão contemporâneo, perdido na massa anónima e equiparado a um criminoso em potência, não é definido senão pelos seus dados biométricos e, em última instância, por uma espécie de antigo fado tornado ainda mais opaco e incompreensível: o seu ADN." (p.68)
Aproveitando os dias do aderente da FNAC (26 e 27 de Novembro) adquiri este livro de Giorgio Agamben, filósofo italiano que já aqui apresentei, referi e citei. Neste pequeno livro, o autor reúne um conjunto de ensaios relacionados com os temas que usualmente investiga. Uma escrita simples e cativante, recheada de etnografias e anotações de costumes contemporâneos, que não só facilitaram como motivaram à leitura intensiva, quase sem interrupções.
Deste mesmo autor já conhecia "Profanação" e "Homo Sacer", falta-me conhecer uma das suas principais obras - "Estado de Excepção" (2003), que desconheço se está sequer traduzida para português. Aguardo impaciente essa edição.

25 novembro 2010

jornal de notícias

Aqui há uns tempos e quando preste a embarcar no compoio para Lisboa, o meu pai dá-me o Jornal de Notícias (JN) para as mãos, dizendo: "Leva-o que eu já o desfolhei". Nestas palavras entendi que nem sequer o chegou a ler e que eu também poderia assim fazer, desfolhá-lo nem que fosse para me entreter durante a viagem. Assim fiz e logo me veio à consciência que, apesar de muito tempo que já passara desde a última vez que o desfolhara, muito rapidamente me reconheci na sensação de familiaridade e no JN de sempre. Por outro lado, a verdade é que de cada vez que o olho, o desfolho e, em pequena percentagem, o leio, não deixo de me espantar com a quantidade de notícias locais, tais como: casos de polícia, tribunais e justiça popular, roubos e assaltos, parricídios e suicídios, violações e pedofilias, entre outras. Enfim, toda a parafernália que, sem dúvida, será o retrato do país e da sociedade em que vivemos, mas que reduz a realidade a essa tragédia humana e que a linha editorial tablóide do JN, pela quantidade e pela (fraca) qualidade da "notícia", transfigura e relativiza, tomando essa mesma realidade miserável e sofrível, suportável aos olhos e sentidos do leitor deste diário nacional.

presunção e água benta...

Não sei como adjectivar alguém que numa primeira entrevista de selecção afirma: "sou competente, sou rigoroso e sou multi-versátil naquilo que faço". Que lata do caraças, mas haverá alguém que, nessa circunstância, se apresente como incompetente e pouco rigoroso naquilo a que se propõe ou candidata!?...

24 novembro 2010

a pensar...

Agora, o mundo deveria era perguntar ao tempo, quanto tempo o mundo ainda tem.
Depois, a resposta que o tempo desse ao mundo, seria o tempo certo que ao mundo resta.

23 novembro 2010

do melhor que se pode fazer

Quando se assinalam 20 anos sobre a morte de Michel Giacometti, o Jornal Público lança colecção dedicada à obra deste "apostolo do cancioneiro tradicional e popular português". São 12 livros-dvd com a reedição da sua grande obra "Povo que canta", mais extras. O primeiro livro-dvd saiu ontem, dia 22 de Novembro, e é, sem dúvida, uma grande iniciativa que não se pode perder. Com o Público à 2ª feira.

17 novembro 2010

ensaios da Fundação Francisco Manuel dos Santos


Eram muitas e excelentes as referências à colecção de ensaios promovida pela Fundação Francisco Manuel dos Santos, presidida por António Barreto. Uma colecção que se propõe, através de textos simples e acessíveis - linguagem e preço, apresentar temas relevantes para a sociedade portuguesa. Tal como é dito pela Coordenação da colecção: "conhecer Portugal, pensar o país e contribuir para a identificação e a resolução dos grandes problemas nacionais, assim como promover o debate público. O principal desígnio desta colecção resume-se em poucas palavras: pensar livremente.". Neste momento estão editados sete títulos e eu já adquiri seis deles. Títulos para guardar e mais tarde consultar. Sem dúvida, uma iniciativa com valor e interesse.

novos registos

Como já desde o mês de Julho não actualizava a minha biblioteca, aqui ficam os últimos títulos carimbados:
- Costa Andrade, Francisco, 2010, Destinos Jogados em Vidas a Salto, Carção, edição do autor - oferta;
- Wood, James, 2010, a mecânica da ficção, Lisboa, Quetzal Editores;
- Vasconcelos, J. Leite de, 2005, Antroponímia Portuguesa (versão facsimilada), Lisboa, Arquimedes Livros;
- Ferreira, Luis e Canotilho, Luís, 2006, 100 anos da linha do Tua, Bragança, Edição Inatel;
- Vieira, Maria do Carmo, 2010, O Ensino do Português, nº 1 Colecção Ensaios, Lisboa, Edição Fundação Francisco Manuel dos Santos;
- Amaral, Luciano, 2010, Economia Portuguesa, nº 2 Colecção Ensaios, Lisboa, Edição Fundação Francisco Manuel dos Santos;
- Saldanha Sanches, José Luís, 2010, Justiça Fiscal (com nota biográfica), nº 4 Colecção Ensaios, Lisboa, Edição Fundação Francisco Manuel dos Santos;
- Justino, David, 2010, Dificil é Educá-los, nº 5 Colecção Ensaios, Lisboa, Edição Fundação Francisco Manuel dos Santos;
- Morgado, Miguel, 2010, Autoridade, nº 6 Colecção Ensaios, Lisboa, Edição Fundação Francisco Manuel dos Santos;
- Brito, Miguel Nogueira de, 2010, Propriedade Privada, nº 7 Colecção Ensaios, Lisboa, Edição Francisco Manuel dos Santos;;
- Gilbert, Elizabeth, 2010, Comer, Orar, Amar, Lisboa, Bertrand Editora;

03 novembro 2010

Ler nº 96

vamos ler...