30 julho 2010

António Feio

26 julho 2010

redes sociais

Já poderia (deveria) ter escrito este texto há algum tempo atrás, pois aquilo que tenho para dizer já está reflectido e pensado faz tempo, mas como a fama de teimosia e de casmurrice me tem acompanhado, resolvi dar-me mais algum tempo para poder ponderar essa minha opinião. Mas de nada valeu, na medida em que nada se alterou, nada veio contrariar aquilo que, quase imediatamente depois da minha adesão, foram as minhas impressões acerca desta moda das redes sociais.
O meu primeiro contacto, ou a minha primeira experiência, já bastante tardia, foi no HI5, onde me inscrevi, adicionei alguns "amigos" e fui adicionado por outros tantos. Por lá fui passando, mas a verdade é que nada acontecia, nem aquilo servia para alguma coisa minimamente interessante. Mandar gifts e beijos, colocar fotografias nossas e ver as dos nossos amigos, muitas vezes em situações, perfeita e inconscientemente, confrangedoras e inimagináveis, entre outras inutilidades e futilidades, só me motivaram a deixar de lá ir e esquecer esse sitio de teenagers inconscientes e, ao mesmo tempo, sítio de coirões carentes de afectividade e, principalmente, de sexo. Mas isso sou eu a dizer...
Depois foi a vez do Facebook, consensualmente agraciado pela crítica publicada. Lá me inscrevi e fui juntando "amigos", até ao presente em que tenho reunidos na minha rede mais de cem "amigos". Por lá estão pessoas, empresas, movimentos, causas e negócios que, numa frequência abismal, nos bombardeiam com informação e com desinformação, com textos, com imagens, com isto e com aquilo. Mas uma vez mais, nada ou quase nada daquilo que por lá se encontra vale o tempo que se perde (para alguns, se ganha...) a percorrer essas páginas. Desculpem-me os meus reais amigos que por lá sejam, também, virtuais contactos, mas não consigo entender o sentido dessa exposição. Não consigo entender como pode tanta gente jogar o FarmVille(!?..) E depois, ainda há aquela coisa estúpida dos questionários que, por incrivel que eu ache, muita gente responde, participa e, às tantas, acredita!?... Enfim, tenho conta no Facebook e vou mantê-la mais uns tempos, mas confesso que nenhum interesse encontro nele.
Tenho conhecimento que outros sítios semelhantes existem, mas não há paciência para experimentar mais. Prefiro investir o meu tempo no Twitter. Apesar de o considerarem rede social, não o enquadro na mesma tipologia das demais plataformas. Aqui o destaque é o texto e a capacidade de síntese. Isso agrada-me e por lá vou continuando a escrever pequenas (in)confidências, pensamentos e desabafos do dia-a-dia.
Vivemos um tempo em que temos (dizem-nos) que ser informados e estar conectados. Mas contacto com quem e para quê!?.. Tanto contacto para nada! Para que raio as pessoas precisam de tanto contacto no seu quotidiano!?.. Para nada, concerteza. Apenas porque alguém vendeu essa ideia à sociedade, vamos todos estar em contacto permanente, não importa com quem, mas o importante é dizer que se está em contacto. Parvoíce.
Posso dizer que sou um blogger. Gosto de o ser. Continuarei a sê-lo.

tour de france

Terminou mais uma edição da volta à França em Bicicleta. Para mim este é, sem qualquer hesitação, o grande evento desportivo anual. Eu gosto muito de futebol e este é o "meu desporto", mas enquanto evento desportivo, nem mundiais ou europeus de futebol, nem jogos olímpicos, nada se compara ao Tour. São três semanas de espectáculo televisivo, que me agarram à televisão como nada mais o consegue. Vibrar com a estratégia de cada equipa, com a força e resistência dos ciclistas, com o desespero das montanhas, Pirineus e Alpes, que parece tocarem o céu, com o abismo dos sprints finais. Enfim, com o espectáculo que leva para a berma das estradas milhares, milhões de espectadores, simpatizantes e adeptos da modalidade. Também é verdade que não consigo perder cinco minutos que sejam a ver qualquer outra volta, a não ser, um pouco da volta a Portugal, a Itália e a Espanha, mas nada que me prenda como o Tour. Mesmo consciente das trapalhadas e das deslealdades relacionadas com o dopping que, desde sempre, assombram as provas ciclopédicas, espero já pelo próximo mês de Julho para nova aventura e novos protagonistas.

21 julho 2010

Há um vocabulário, uma gramática e, possivelmente, uma semântica das cores, dos sons, dos cheiros, das texturas e dos gestos, cuja riqueza não é menor que a das línguas. George Steiner

20 julho 2010

novos registos

Sempre que vou visitar o meu amigo Joaquim Garrido, editor das Edições Cosmos, regresso a casa com alguns magníficos presentes. Desta vez e porque já há algum tempo que não nos encontrávamos, pude trazer alguns títulos há algum tempo desejados. Entretanto, outros títulos que foram chegando:
- Maalouf, Amin, 2004, Origens, Algés, Difel;
- Carvalho, Mário de, 2010, A arte de morrer longe, Alfregide, Caminho;
- Lopes, Aurélio, 2009, Videntes e Confidentes, Chamusca, Edições Cosmos;
- Pina, Miguel de Roque, 2010, O Rigor do Pensamento, Chamusca, Zaina Editores;
- Oliveira, Cipriano de, 2010, Maçonaria: passado, presente e futuro, Chamusca, Edições Cosmos;
- Freire, Isabel, 2007, Na Alma do Ribatejo, Edição do Casario Ribatejano e da Associação do Turismo no Espaço Rural;

escritor fantasma

Acabei de sair do cinema onde assisti ao novo filme de Roman Polanski "Ghost Writer". Desde que comecei a ouvir falar deste filme, se não estou em erro a propósito da sua atribulada estreia em Cannes ou Veneza(??? - isso fica para os entendidos...) e da prisão do realizador, e tal e coisa, que logo me pareceu interessante. Quando soube que estava a estrear cá em Portugal quis ir vê-lo, mas algo em mim me dizia para não o fazer. Tentei resistir, cheguei mesmo a comentar com algumas pessoas a minha inquietude em resistir. Por princípio não deveria ir assistir a este filme e assim contribuir para o lato sucesso deste pedófilo. Bem sei que é um génio do cinema, mas isso não o iliba dos crimes que outrora cometeu. Mas enfim, cobarde, não resisti e fui mesmo assistir ao referido filme. E gostei. Muito. Apesar de ter outras expectativas relativas a um filme com este nome... Esperava algo mais crú, mais realista, mais urbano. Mas não. A narrativa refugia-se na alta esfera da intriga e do poder à escala mundial e, por isso, obrigatoriamente, veste-se de sofisticados gadgets e reveste-se de personagens que não existem, quero eu dizer, que não têm vida própria. Nem sequer o próprio escritor fantasma que, apesar do esforço de o equiparem com todos os clichés do estereótipo, tais como o ar desarranjado, a forte apetência para a bebida (forte), a incapacidade de estabelecer relações duradouras, etc., não consegue nunca ser esse bom-selvagem do ideário hollywoodesco.

15 julho 2010

gazela


Hoje, depois de vários meses de insistentes convites, finalmente conheci a famosa "Gazela" e os seus retumbantes "cachorrinhos"... tal é a nomeada na casa. Casa de repasto bem à moda do Porto, situada perto da Praça da Batalha, na Travessa do Cimo de Vila ou na Travessa do Cativo (são contíguas...). Ainda mal entramos e já estamos a ser questionados acerca do que vamos comer e beber: - Ora então meus amigos o que vai ser?... Depois, a espera para sentar num dos catorze lugares sentados ao balcão. A gestão destes lugares é feita pelos profissionais da casa, o Sr. Fernando e o Sr. Costa (na fotografia), verdadeiros mestres de bem servir, de bem falar e de bem vender os seus serviços, que num tom optimista vão sossegando a clientela: - Quantos são, 3, 4?.. está quase... é só mais um bocadinho... e beber, o que vai ser? Finalmente lugares vagos. Sentámo-nos e começou o espectáculo. A cerveja é qualquer coisa de espectacular, mas acima de tudo, é verdadeira, com gosto e força. Os cachorrinhos são autênticas maravilhas para a química dos sentidos. O seu sabor é orgásmico para as papilas gustativas, que só depois do segundo e a caminho do terceiro começam a ficar indiferentes à excitação do paladar. Vamos comendo e vamos pedindo mais e eu fico com a sensação que poderia estar ali toda a tarde a petiscar... pura ilusão. Tal como a fotografia testemunha, os estragos feitos por cada um de nós vão ficando depositados à nossa frente até ao momento em que se pede a conta. Aí, a contabilidade é feita através desses destroços, que rapidamente são removidos de forma a receber novos "amigos". No final e por despedida, tal como à entrada, somos cumprimentados por ambos os profissionais, que nunca deixam de cumprimentar pessoalmente cada pessoa que ali entra. É, concerteza, para repetir, mas atenção, não é para meninos.

09 julho 2010

Saramago

"Que fazemos, em geral, nós, os que escrevemos?"