29 outubro 2008

Série Culturas Juvenis

Heavy Metal

Surgiram em Inglaterra, nos meados do anos setenta, como radicalização extremista da ideologia hippie. Conjunção entre sua estética e a música rock dura, ou seja, metal pesado - notória referência ao gosto pelos intensos sons metálicos (eléctricos) produzidos pelos grupos musicais.
Sendo uma das sub-culturas juvenis com maior tradição, é também a mais intergeracional das que se conhecem. Estão muito presentes nas sociedades ocidentais, nomeadamente, nas cidades europeias e em especial nas cidades da provincia e nas classes populares.
Vestindo-se, caracteristicamente, com jeans justos, t-shirts estampadas com idolos musicais e/ou símbolos de morte e casacos de couro com metais cravados, têm por actividades de eleição as saídas de fim-de-semana, os concertos musicais e a cannabis. Por ideologia são anti-militaristas e anti-autoritaristas, sobretudo mais como forma de resistência e insubmissão do que como uma actividade politica. Não apresentam os conceitos claramente desenvolvidos e, para a maioria, trata-se mais de uma utopia ou ideal estético do que uma prática quotidiana.

28 outubro 2008

A Questão Hetero: da normalidade ao fundamentalismo

Ao ler o texto de António Pires(AP), publicado por este jornal na semana passada, para além do assombro e do sobressalto, ficamos a conhecer um pouco melhor o cidadão António Pires, ilustre colaborador do Jornal Nordeste. Não que esteja aqui em questão a liberdade de opinião ou o direito a juízo outro. Facto este, aliás, não contemplado por AP no seu pedaço de prosa. O que importa, neste caso, é a atitude manifesta e declaradamente indigna, preconceituosa e homofóbica com que o autor se refere a concidadãos seus.
Por considerar que este assunto, o do direito ao casamento homossexual, é, actualmente e ainda, uma questão socialmente fracturante e que, também por isso, merece uma atenção maior e carece de uma discussão séria e calma, não tinha ainda (até 21 de Outubro) suscitado o meu interesse enquanto activista. Contudo, depois da leitura do pedaço de prosa de AP não posso ficar quedo e mudo. A melhor forma que encontrei para manifestar a minha indignação foi enviar este texto ao Director desta digníssima publicação, solicitando a sua publicação nem que seja em jeito de “direito de resposta”.
Exmo. António Pires de facto fica bem fazer citações (como tal, irei fazer algumas suas), tal como importa saber que não quer ser excluído da comunidade à qual pertence, mas ao escrever da forma que escreve, está a excluir todos(as) aqueles(as) que não partilham dos seus valores de crença, de cidadania e de civilidade. Estranha forma esta de... Depois, ficamos também a saber que para AP esta questão é, tal qual, uma guerra, na qual os homossexuais (maus, vilões, bandidos, depravados, insultuosos da moral e dos bons costumes – pelo menos de AP, enfim, cidadãos de 2ª ou 3ª categoria), são “opositores” dos heterossexuais (essa superior casta de defensores do Ethos e do Pathos nacional - cidadãos bem formados e educados (aos quais AP faz questão em manifestar a sua pertença e fidelidade) para o fim último da espécie humana que é a sua continuidade.
Felizmente hoje os homossexuais não vivem clandestinamente, mas o estigma social, económico e cultural permanece bem vivo e bem presente na sociedade portuguesa e o contributo de AP não passa disso mesmo, de um reforço dessas estigmatizações. Por outro lado e ao contrário do que parece ser o pensamento de AP, todos os princípios consagrados na Constituição da República Portuguesa, incluindo o da diferença, são para levar à letra e para serem respeitados. A sua condição de heterossexual não é mais do que isso, não lhe confere nenhum estatuto de superioridade, autoridade, soberania ou outro, relativamente aos demais e por isso não lhe fica bem o ar altivo com que se afirma como tal, nem tão pouco se percebe a necessidade de tal afirmação (…poderá ser difícil saber o que é ser homossexual ou heterossexual sem entendermos as nossas ideias e a interligação das imagens que representam essas realidades. As identidades são construídas – como este texto, pelos sistemas representacionais, como por exemplo a linguagem).
Também seria importante que AP revisse o conceito de casamento, pois parece haver alguma confusão quanto ao conceito… porque na República dos(as) portugueses(as) o casamento não é mais do que um contrato social. Para além disto, há também e para aqueles(as) que professam uma qualquer religião, melhor dizendo, para aqueles(as) que professam algumas religiões, a possibilidade de assumirem perante a lei da sua igreja essa pretensão. Da leitura da sua prosa surgem, igualmente, dúvidas quanto à representação pretendida, por exemplo quando diz que “os casais propriamente ditos” (…) “casais normais” – conhece outra forma de expressão de casal!?... Talvez casais não propriamente ditos, ou talvez casais propriamente não ditos!?... Talvez casais anormais!?... Casais são aos pares!
Não deveria adjectivar a pretensão dos homossexuais como uma “exigência”, mas sim socorrer-se da ideia do direito à diferença. A imagem demagogicamente apresentada de uma união heterossexual como garantia de procriação e de continuidade da espécie, aliada ao elemento religioso – a dádiva, traz para esta discussão não a naturalidade da origem da vida de cada indivíduo (cientificamente demonstrada e humanamente por demais experimentada), mas sim o princípio prodigioso e dogmático desses momentos primeiros. Depois, a recorrência a personagens míticas ou bíblicas – que nos remetem obrigatoriamente para um mundo fantástico e metafísico ao qual nem todos aderem, só servirá para radicalizar o discurso e extremar posições.
No que à adopção diz respeito, apenas direi o seguinte: Desvirtuar o milenar conceito de família é não perceber que as sociedades evoluem, a ciência evolui, a civilização evolui, logo a família, enquanto instituição social, evolui. Não adianta ficar agarrado àquilo que já não é, porque trata-se de um processo dinâmico, sem data e tempo de origem definidos. Se afirma que a natureza humana dita as suas próprias leis, entenderá como aberração da natureza, por exemplo, os métodos alternativos de procriação, ou de inseminação artificial, ou os métodos de contracepção com que a ciência, e não o prodigioso, nos presenteou… Aquilo que, ao fim e ao cabo, importaria era que este fosse tema de conversa, de reflexão e de discussão, através de uma abordagem séria e positiva (leia-se construtiva), que fosse capaz de se centrar no essencial e desprezasse todo o acessório. Estamos perante uma questão de grande melindre e de grande pertinência social que justifica, sem qualquer dúvida, a existência de legítimas reservas, que são perceptíveis na sociedade portuguesa. Mas isso não pode invalidar, nem prejudicar a reflexão e a discussão.
Curiosa é também a sua perspectiva sexista dos papéis sociais esperados dos géneros feminino e masculino. A sua verdade sobre a intrínseca condição humana remete-o para o desígnio animalesco da maternalidade feminina e do viril cobrimento machista.
Quanto ao demais apresentado nesta prosa parece-me inócuo e sem sentido. Confundem-se alhos com bugalhos sem qualquer nexo ou senso, chegando ao ponto de verbalizar que os seus concidadãos transmontanos vivem num “recatado pudor provinciano”. Peremptoriamente, este texto representa, para mim, uma atitude tremendamente misantropa e irracional, geracionalmente perigosa e anti-pedagógica, religiosamente dogmática e fundamentalista e socialmente injusta e discriminatória.
Este pedaço de prosa parece produto não das Novas, mas das Velhas Oportunidades que povoam, ainda, o consciente e o inconsciente de muitos dos nossos cidadãos. Exmo. António Pires, nada contra a sua opinião, que será tão válida quanto a minha e a de qualquer outro cidadão. No entanto, não posso deixar passar este insulto à dignidade de cidadãos que em nada diferem de si e de mim. Iguais em direitos, deveres e obrigações. A forma homofóbica, eu diria mesmo, provocatória como se dirigiu aos cidadãos homossexuais foi injuriosa ao designá-los por “estranhas parelhas” e “parelhas homossexuais”. Se se dá ao direito de se sentir “profundamente ofendido”, “não o defenda em vão, nem o use apenas em proveito próprio”!...
Por fim, uma palavra para as minhas palavras, naquilo que o meu escrever quer dizer: Retrate-se.

(texto publicado no Jornal Nordeste de Hoje (28 de Outubro de 2008 - consequência do post "Homofobias Transmontanas" de 24 de Outubro de 2008)

27 outubro 2008

dimensão oculta

(texto 3 D - obriga, para uma leitura correcta e completa, clicar no play aqui do lado direito para ouvir o som. obrigado.)

Não sei muito bem porque é que escrevo este texto!?... Não sei mesmo!... às tantas, talvez, por uma sentida necessidade fisiológica qualquer. Talvez mais à frente se perceba...
A primeira vez que ouvi este som, num pretérito muito presente, estava no carro, algures num final de tarde do trânsito urbano. Passados apenas alguns segundos, dei comigo a abanar completamente algumas das minhas queridas artroses e num ritmo que até a mim me surpreendeu... (talvez tenha surpreendido, também, os demais e angustiados condutores).
Os meus sentidos foram, inequivocamente, surpreendidos por este som e a minha mente remeteu-se, julgo que insconscientemente, a uma dimensão outra, a dos vários tempos da minha meninice e adolescência. E foram diferentes os momentos aos quais a música me levou:
Desde as longas tardes de fim-de-semana, junto da bicharada e/ou dos carroceis do Palácio de Cristal; aos cabeçudos e aos poços da morte das festas de Delães e arredores (Famalicão); ao algodão doce da Feira Popular de Lisboa; às tardes de Domingo junto ao mar de Gaia a comer gelados de máquina (preferência da Mãe Ia) enquanto o Pai António ouvia o relato de futebol pelo som pífio do velho "pilhinhas"; a esses tempos de férias e afins de menino, repletos de inocente alegria e lúdico prazer, na companhia de primos e primas; Depois e menos infantil, revejo-me nas festas do Sr. dos Aflitos e nas suas pistas de carrinhos de choque, onde manhuços de jovens, propositadamente vestidos(as) para a ocasião, se apinhavam para verem e serem vistos. O som estridente debitado pelas colunas destes hetero-espaços permitia aos diferentes sentidos perceber o característico perfume patcholi, a graxa dos sapatos gastos e enlameados, os besuntados cabelos e ornamentais cabeleiras, a bijuteira prata e ouro que, ritmadamente, se agitava, suspensa numa qualquer extremidade dos corpos; mais tarde ainda e já com variados interesses e com outros motivos distrativos, passei pelas festas dos santos da aldeia, com as suas típicas, grandiosas e ecléticas aparelhagens sonoras. Sem esquecer o "Locomotion" da apetecível Kelie Minogue...
Esta é uma dimensão pessoal oculta à qual muito raramente acedo ou recorro, mas que acompanha latente o meu presente e sobrará para o meu eminente futuro. A virtude do som é o seu poder de atracção, que não conseguirei explicar, mas que entendo como simples, alegre, festivo e, aparentemente, descompremetido. Pouco percebo de música. É verdade. Poucos perceberão aquilo que vivi e identifiquei. Também será verdade. Certo é que tenho ouvido incessantemente este som da rainha da pop. Hei-de fartar, mas no entretanto "Give it 2 me".

26 outubro 2008

Placelessness

Segundo Edward Relph (1976) placelessness significa a "erradicação casual de lugares distintivos e a feitura de paisagens estandardizadas que resulta de uma insensibilidade para a significância do lugar". Nunca como hoje revejo este conceito como adequado ao nosso "mundo". Sempre me senti confortável com a noção de lugar, enquanto espaço vivido e sentido, pejado de significados e significantes. Depois e mais tarde, a heterotopia de Foucault permitiu perceber como os lugares permitem a contra-acção para os sentidos e significados, permitindo sobrepor, num só espaço, vários espaços, vários lugares que por si só seriam incompatíveis. Agora, esse leque aberto de perspectivas permite-nos, também, percorrer o caminho inverso e começar a perceber como é, actualmente, comum e vulgar destituir ou despojar de significados qualquer lugar. O desconforto com o "place" leva-me a aceitar a dinâmica e a fluidez do "placelessness" - without boundaries and no limits.

25 outubro 2008

the question

A British Humanist Association representa os interesses de grande parte (e crescente) da população com preocupações éticas, mas não-religiosas, no Reino Unido. A sua visão é de um mundo sem privilégios e sem descriminações religiosas, onde as pessoas são livres de viver boas vidas, com bases na razão, na experiência e na partilha dos valores humanos.
Reportagem no P2 do jornal Público de hoje. Aqui fica o slogan da próxima campanha - "o autocarro ateu".

24 outubro 2008

Homofobias Transmontanas

Por favor leiam a opinião deste ilustre Bragançano acerca dos casamentos homossexuais. Claro que já rebati toda a sua argumentação, em texto a publicar na próxima edição do mesmo jornal. No respectivo dia aqui será publicada.

20 outubro 2008

ecos...

"Luís Vale apresentou na Casa do Livro no Porto os seus últimos livros Bem Perto do Céu e Histórias de Escano e Soalheira , perante uma plateia atenta e que foi absorvendo as estórias de Trás-os-Montes, num ambiente de passagem da oralidade à escrita, sempre numa perspectiva antropológica e de saber acumulado pelas vivências de quem quis que a memória não se perca e para isso calcorreou montes e vales ouvindo narrativas de por os cabelos em pé aos menos avisados.
As lendas, as orações o crer e o querer das gentes que ainda hoje habitam lugares quase inacessíveis e que torna a vida do ser humano quase igual à vida dos seus animais."

na casa do livro







agradeço ao amigo Jorge Morais Sarmento a disponibilidade dos momentos

18 outubro 2008

desconhecida

(momento do magnifico fotografo Jorge Sarmento)

17 outubro 2008

16 outubro 2008

15 outubro 2008

14 outubro 2008

agendamento

Para que possam registar nas vossas ocupadíssimas agendas, relembro que no próximo Sábado, dia 18, pelas 18:30 horas, irei apresentar as Histórias de Escano e Soalheira no bar A Casa do Livro, sito na Rua Galeria de Paris, no Porto. Espero por vós.

12 outubro 2008

qualidade sonora

Série Culturas Juvenis

Hardcores
Com origem nos E.U.A. e nas grandes cidades europeias (Londres, Berlim e Amesterdão) no início dos anos oitenta. Como a própria palavra indica, esta sub-cultura adora as sensações fortes e básicas, como reacção homeopática à dureza da existência metropolitana. A sua principal referência é a música, nomeadamente e como não poderia deixar de ser, o hardcore (uma mistura de heavy metal rápido e punk).
Vestem-se de forma pouco rígida e pouco específica, com prevalência da camisa e da bermuda e botas paramilitares. Contraste entre uma imagem limpa e ordenada e uma actitude e actuação energética e desenfreada.
Este grupo tem por interesses e actividades, os concertos musicais e a informática. São, ideologicamente, apolíticos, individualistas, tendencialmente radicais, ainda que mais em espírito do que na prática. Têm tendências violentas defensivas e adaptáveis, manifestadas sobretudo por acasiões da excitação musical ou das acções nocturnas.
É propício à fragmentação em pequenos grupos, que se reunem apenas por ocasião de acontecimentos especiais.

10 outubro 2008

septuagésima terceira vez a ler

Num final da semana, nos momentos últimos antes de viagem familiar, como sabe bem encontrar na banca a nova Ler. Satisfeito a retiro da prateleira e enfio no saco. Que belo fim-de-semana de leitura passarei lá para o meu nordeste. De uma olhada fugidia pelo índice não posso ignorar o texto de José Mattoso "A origem das Nações" e o trabalho fotográfico de João Francisco Vilhena com José Cardoso Pires. No meio de um escaparate com dezenas, talvez centenas de capas, logo me chamou a atenção esta... digam, ou não, o que quiserem, está do caraças!... sendo que o caraças, neste caso, é excelso.

dilemas da actualidade (... que não meus obrigatoriamente)

Hoje, dia 10 de Outubro, uma sexta-feira à tarde, dou comigo preocupado com o que, potencialmente, será amanhã um grande problema para resolver. Quantos acreditam que hoje é o dia (mais um...) da sua sorte e mais logo a sua chave do Euromilhões será a chave certa!?... pelo menos todos aqueles que jogaram! Sim, porque concerteza haverá alguns outros que mesmo não tendo apostado acham que lhes vai sair... acham sempre!...
Bem, mas a minha grande preocupação é que, acreditando eu que posso ser o próximo excêntrico, onde vou eu pôr tanto dinheiro!?... sim porque nos bancos, actualmente, não me parece muito boa ideia, nem muito seguro, nem tão pouco higiénico. Assim, terei já pouco tempo para pensar seriamente nesta questão e, por isso, vou acabar dizendo: tomara eu que esse problema fosse o meu.

09 outubro 2008

A minha ileteracia

Mais um ano, mais um premiado com o Nobel da Literatura. Acabei agora de saber que o Comité da Sueca Academia atribuiu ao escritor e ensaísta francês, Jean-Marie Gustave Le Clézio a tão ambicionada distinção. Le Clézio nasceu em 1940, em Nice, sendo originário de uma família com ascendência inglesa e bretã. Vive actualmente no Novo México. O Comité Nobel considerou o escritor merecedor do prémio pela sua narrativa de «aventura poética» e de «êxtase sensual», «explorador de uma humanidade para além (...) da civilização reinante».
Ora aqui está mais um ilustre desconhecido para a minha humilde condição de ileterado.

07 outubro 2008

Portugal, a Islândia e a crise

Enquanto o próprio Primeiro Ministro deste pequeno, mas riquíssimo país do norte da Europa admitia, ainda hoje, que o seu país está muito perto do abismo da falência económica e, num lacónico discurso à nação, admitia que a única solução para tentar ultrapassar esta grave situação era pedir ajuda internacional (à vizinha Rússia), por cá os nossos governantes e altos representantes teimam em garantir que Portugal está a salvo desta hecatombe geral.
Como pode haver tanta diferença entre a atitude e entre as culturas nacionais dos diferentes países!?... É, também, nestes momentos que se percebe a grandeza e a pequenez dos políticos e dos próprios Estados. Se vemos o Primeiro Ministro da Islândia admitir que a crise está instalada no seu país e, ao mesmo tempo (no mesmo espaço informativo), o nosso Primeiro Ministro a garantir aos portugueses que está tudo tranquilo e que Portugal não sofrerá o mesmo que outros, alguma coisa estará errada, muito errada... pelo menos será isto que o senso, pelo menos o bom senso, exigirá do comum dos portugueses. (Reparem como um admite e o outro garante...)
Mas não. Talvez o nosso Primeiro Ministro e demais governantes tenham razão. A grande diferença está no ethos nacional de um e de outro país, ou seja, na diferença entre o que é ser português e o que é ser Islandês. Enquanto que este é um ser exigente e não está disponível para grandes veleidades, exigindo de si mesmo um rigor e uma qualidade de vida - colectiva e individual, excelente; por cá, o português está habituado a sofrer e apresenta-se sempre disponível para mais e mais sacrifícios individuais na expectativa de um amanhã sempre melhor. Este fado que nos persegue e que nos condena à pobreza - colectiva e individual. Este estado mental crónico do sonho de ser, de estar e de conquistar os amanhãs, tolhe o raciocínio do português presente e, por isso, iremos andar iludidos mais uns tempos, com a sensação que somos diferentes e, para alguns, melhores que os demais...
Quando nos acordarem vai doer e o Engenheiro Sócrates já sabe que sim, mas não o diz.

04 outubro 2008

Novos Registos

Porque, felizmente, não param de chegar, aqui se registam mais alguns magnificos espécimes:
- HERR, Richard, 1989, Iberian Identity, Berkeley, Institute of International Studies;
- MORAIS, J.A. David de, 1996, Ditos e Apodos Colectivos, Lisboa, Edições Colibri;
- GONÇALVES, António Maximino, 2008, Histórias de Mofreita, Vinhais, Câmara Municipal de Vinhais;
- BOURDIEU, Pierre, 2003, Questões de Sociologia, Lisboa, Fim de Século;
- PAIS, José Machado, 2003, Culturas Juvenis, Lisboa, INCM;

Série Culturas Juvenis

B-Boys
Com origem espacial nos guetos negros de New York em 1976. O "B" é de Break associado ao Break Dance, uma música que rompia com as melodias anteriores, recompondo-se como fragmento de outras. A dança rompe, também, com o movimento contínuo no espaço, tipico das danças clássicas. Esta ruptura diz respeito, em sentido figurado, à paisagem urbana, cuja marca distintiva são as paredes grafitadas. Vestem-se informalmente, calças e camisa ou bermudas, sapatos desportivos (tipo basket), cabeças rapadas dos lados. Ouvem rap (negro), música ritmada e sintetizada, sons urbanos. Como ideologia, são realistas, preocupam-se com o quotidiano. Actuam de forma territorializada, em grupos muito pequenos e em zonas específicas do território urbano onde pretendem marcar a sua presença. São, normalmente, muito jovens, podendo ter idades desde os 12 a 13 anos.

Tribos Urbanas

O fenómeno das tribos urbanas merece, hoje em dia, uma valorização muito variada, na qual cabem definições tão díspares como jovens violentos, ou conformistas, ou rebeldes românticos, entre outros. Além dos juízos de valor, este texto é o primeiro estudo exaustivo publicado sobre o tema. Tenta dar respostas ao interesse generalizado que a sociedade demonstrou.
Quem são?... O que pensam e como vivem esses milhares de jovens que se juntam em grupos, cujo lema é sempre, a provocação, o excesso e, com frequência, a violência e a auto-destruição?... Que caldo de cultura socio-cultural permite o surgimento e a difusão desses comportamentos e estilos existênciais, que numerosos estudiosos não duvidam em defini-los como neo-tribais? Há ou não precedentes ou semelhanças históricas? Estamos perante um fenómeno em ascensão ou em queda?...
Tribos Urbanas representa um extraordinário esforço de sintese e clarificação acerca dos (pré)conceitos e estereótipos existentes. Desconheço se está já traduzido para português. A versão que me chegou é em Castelhano (original de 1996) e é muito interessante. Servirá de base para a série de postagens sobre culturas juvenis que publicarei.

01 outubro 2008

internacional dia do idoso

Aqui está um facto por demais importante e por demais menosprezado pela nossa sociedade, que importa salientar e importa assinalar. Em condições normais todos lá chegarão e por isso convém cuidar daqueles que já lá estão. Não gosto nada do termo "velho", gosto pouco do termo "idoso", acho que os espanhóis são mais felizes quando utilizam o termo "maior". A verdade é que esta condição humana não só deixou de ser valorizada, como foi completamente marginalizada para um estado de ante-câmara do fim. Um tempo no qual os seres humanos já não contam e apenas poderão esperar a morte. Já repararam como a sociedade de hoje encara essa idade!?... é o próprio Estado que incentiva a arrumação dos nossos séniores nas instituições totais que são os Lares de 3ª Idade e Centros de Dia, que outrora eram instituições de apoio social e hoje são autênticos negócios, naquilo que poderemos designar a privatização da idade sénior. Vejam como essas instituições proliferam pelo país!?... bem sei que é uma consequência lógica do envelhecimento da população portuguesa, mas a atitude não é a correcta...
Não há terra que não tenha o seu depósito de velhinhos... aliás, a especulação é tal que chega a haver leilões para conseguir um lugar em tais instituições (quem der mais fica com a cama (!?)).
Deveríamos retornar a uma sociedade na qual a idade maior era considerada e era sinónimo de conhecimento, experiência e sapiência. Importava uma atitude de respeito pela maior das idades.

mundial dia da música

Assinalando a comemoração deste dia, não deixo de manifestar a minha estranheza pela necessidade de tal dedicação, uma vez que a música será, provavelmente, a linguagem universal (planetária...) por excelência e, por isso todos os dias são dias da música no mundo. Entretanto, partilho isto, apesar de ser uma infima parte, é uma magnifica manifestação dessa grandiosa linguagem: