26 fevereiro 2007

Dia este como uma seringa. Picou e doeu.

25 fevereiro 2007

Sábado 24

Duas notas neste magnifico e solarengo dia de fim-de-semana:

1º - o estudo do ISCTE sobre corrupção em Portugal, intitulado "Corrupção e Ética em Democracia: o caso de Portugal", publicado no Jornal Público do dia de ontem. As conclusões preliminares deste estudo afirmam que a maioria dos portugueses (83,8%) considera ineficaz combate à corrupção e diz que há uma grande permissividade em Portugal. Estamos de facto, num país cuja consciência colectiva tolera e aceita este status quo da corrupção, da cunha e do favorecimento.

2º - a inauguração do Museu Ibérico da Máscara e do Traje em Bragança. Excelente projecto e de uma importância que, hoje, não conseguimos alcançar. A visitar e conhecer. Entretanto, e como cartão de visita, podem virtualmente conhecer este novo equipamento no sitio: www.mascaraiberica.com

23 fevereiro 2007

Clostrofátuos

Naquele tempo, muito perto do princípio, no qual o caos começava a ganhar formas distintas, percebiam-se muito nitidamente estes pequenos seres da espécie, entretanto extinta, Sons-Cheiros. Estes pequeníssimos organismos existiam aos milhões e eram o resultado, não de um qualquer cruzamento de gâmetas, mas das permanentes e assíduas explosões piroclásticas.

22 fevereiro 2007

Voz Sussurrante

Todo aquele que acredita pode escolher entre o bem e o mal. Neste último caso e quando assim acontece, procurará redimir-se. Para tal socorre-se da instituição especialista. É no confessionário que expia esse mal, reconduzindo a sua conduta em direcção ao bem. O estigma do errante obriga à voz sussurrante.

15 fevereiro 2007

TPC 1

"A história de vida de um copo"
Quando nos é proposto escrever a história de vida, ou da vida, de alguém ou algo, devemos começar por encontrar os pontos-chave dessa existência. Os momentos principais que marcam o seu percurso desde a sua origem até ao seu desaparecimento.
Assim sendo, proponho-me falar-vos de um copo que, por artes mágicas ou imposição de uma qualquer hierofania, se transformou no copo. Único e irrepetível. No meio de dezenas, centenas ou mesmo milhares de copos, este e só este, passou a ser diferente. Foi o que escolhi. O local e a data de sua origem não importam, mas a data da sua aquisição, isso sim, importa e muito, pois a sua existência por completo se modificou, desde o momento em que me foi oferecido.
A sua forma, volume, cor ou feitio são as ideais para comigo poder estabelecer uma relação. A sua textura é a indicada face às minhas expectativas. Os seus momentos-chave, que prefiro designar por prazeres são, ainda que numa aparente monotonia quotidiana, o acamar de duas pedras de gelo, que depois se derretem numa dose generosa de whisky.
Até quando poderá existir e partilhar comigo estes momentos não sei, até porque por perto rondam perigos vários. Salvaguardando todas as eventualidades, guardei religiosamente o outro copo, irmão oferecido deste, para mais tarde o vir a substituir e, então, ser o copo, com uma outra e única história de vida.

14 fevereiro 2007

O Lexinho

Morreu. Apesar do esforço, do enorme esforço, já há muito soçobrara…
Ninguém me disse, mas posso adivinhar que no seu último acto neste mundo mereceu a homenagem de um mar de gente. Conhecidos de muitos lugares, de toda a região, por onde o Lexinho andou e fez amizades.
Nunca gostei de elogios, nem tão pouco de homenagens, até porque quando as suas fotografias aparecem no Jornal… eram todos bons rapazes…(!?) O Tio Mário era amigo, meu amigo e eu dele. Aliás, amigo de muita gente, em muitos lugares e por toda a sua vida. Fica a palavra e ficam as recordações de inúmeras conversas (algumas registadas) com este Homem que gostava de partilhar a sua experiência e histórias com os seus amigos.

num dócil e soalheiro domingo, o Tio Mário (ao centro) com dois bons e velhos amigos...

11 fevereiro 2007

Declaração de Voto

Sim ganhou. E nada mais será como até aqui. Sem qualquer equivoco ou dúvida a sociedade portuguesa deu um salto civilizacional. Acima de tudo foi uma vitória da sociedade.
Curiosa a distribuição dos votos pelas diferentes regiões do país, que permitirão análises e interpretações várias. Realço, neste primeiro momento, as diferenças entre o norte e o sul e, também, entre o interior e o litoral. Relativamente a Bragança, os resultados foram inversos ao score nacional e destaco, pela negativa, a enorme abstenção: acima dos 65% (uma das mais elevadas do país).
Por fim e pela positiva, a evolução do Sim em Bragança, de 22,65% em 1998 para 41% em 2007. Ainda há quem diga que não vale a pena... continuo a acreditar que vai acontecer!

10 fevereiro 2007

O Casamento Secreto de D. Inês de Castro em Bragança

Em cena no dia 15 de Agosto de 2007, no castelo de Bragança, a peça "Inez, Inez! Alma e sentidos" de José Afonso.
Até aqui tudo bem... aliás, muito bem! a surpresa ou o inesperado é o convite para fazer parte desse elenco. (!?!) Como pode ser!?.... ainda por cima, para ser D. Pedro... um dos papeis principais e num português arcaico.
Depois da surpresa e do espanto a reflexão... terei alguns dias para aceitar o personagem.

01 fevereiro 2007

Báu da Memória I

Bem lá do fundo desse lugar, numa visita recente, encontrei estas duas relíquias. A primeira lá da prateleira dos fins de 80, de um velho e sempre amigo e a segunda, algo estranho e manuscrito de Setembro, 96 de 1900.

"cinco e meia da manhã e a Porfíria não voltou da casa da Ovelha. - como pode isto acontecer?... - como sim! - como pode isto acontecer?... - como não! - pois é, agora a culpa é minha não é!?... - então? - sei lá, não sei... porquê? (...)

- pois é minha sobrinha, a vida não são duas sem três. Eu conheci-a num dia de Setembro, de um ano qualquer deste século. Sabes? - pois.... - foi uma experiência incrivel. é como quando te vês num espelho e consegues ver algo mais do que as tuas feições. é perturbante, é arrepiante. há sempre algo mais...

- caminhas sem olhar para trás. é que não tens retrovisores. atiras-te de cabeça e se for preciso ainda atas uma corda à cintura na qual, e na outra ponta, está uma pedra para abreviar viagem.

- ando às voltas, sozinho e aparentemente desnorteado. não me importo, pois sei bem onde vou e como vou. para além disso, e acima disso, há sempre alguém... alguém que até poderá estar ausente, mas no espelho aparece, qual Sebastião na neblina. (...)

- nunca quis ser velho, não por ter medo da morte. é cobardia do sofrimento, mas lá no fundo, bem no fundo, até gostava de o ser. e sabes porquê!? - pois, não!... - pois espero (sei) que o que resta da vida dê para engendrar algo mais. se assim não for, também não faz mal, pois sei que algures, alguém se vai lembrar de mim, vai-se lembrar dela... daquela que um dia conheceu e, por mais que fugisse, nunca se conseguia libertar, pois ela está em nós, somos nós. ela é verdadeira, profunda sincera. não é!?... - pois é! AMIZADE"